sexta-feira, 24 de agosto de 2012

               


            O Dicionário Teológico Brasileiro Lázaro Soares de Assis conceitua TEOFANIA como “um termo teológico para indicar qualquer manifestação temporária e normalmente visível de Deus” diferenciando ainda teofania de encarnação, esta permanente. Por sua vez o Dicionário da Bíblia de Almeida traz o significado de PROFECIA como “a mensagem de Deus anunciada por meio de um profeta a respeito da vida religiosa e moral do seu povo (2Pe 1.20-21). As profecias tratam, às vezes, do futuro, mas geralmente se prendem às necessidades presentes das pessoas.” Partindo dessas duas definições básicas encontramos no Antigo Testamento uma quantidade elevada de teofanias e profecias que desde o início dos tempos nos revelavam a vinda de Cristo como aquele que traria redenção ao homem.
Além da teofania e da profecia, sobre as quais discorreremos a seguir, Deus se revelou ao homem de forma especial por outros instrumentos ou modalidades, por exemplo através dos “tipos” de Cristo como Adão (Rm 5.14; 1Co 15.45), Melquisedeque (Gn 14; Hb 7), José do Egito – talvez o mais simbólico de todos (1Pe 1.11; Mc 1.11. Odiado por seus irmãos, conspiraram contra ele, tramaram sua morte, tiraram sua túnica, deixou a casa do pai e foi viver como servo, entre outras situações), Moisés (Hb 3.1; 11.23-29 – deixou seu trono para sofrer com o povo de Deus, foi profeta, mediador); os sacrifícios como a morte do cordeiro pascal (Êx 12); no Tabernáculo; também por acontecimentos de eventos miraculosos por exemplo a travessia do Mar Vermelho (Êx 14) e o chamado de Abraão (Gn 12); falando com linguagem inteligível e voz audível (1Sm 3.4), sonhos e visões.
Quanto à teofania nos atentemos ao fato de que homem nenhum pode ver o Senhor mas que ao mesmo tempo somos instruídos pela Palavra a buscar a face de Deus. Mas em Mt 11.27 temos a resposta do próprio Cristo de que só quem conhece o Pai é o Filho “e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.
               Há uma modalidade de revelação especial, onde a teofania se inclui, chamada de “manifestação visível” onde se encontram também a Sarça que não se consumia para Moisés (Êx 3) e a Glória do Shekiná (Êx 3; 24; 40) como exemplos.
            O Senhor revela-se a quem quiser e quando quiser, ele é soberano e julga o momento perfeito e ideal para isso. Além de transcendente é também um Deus imanente que intervém, quando deseja, na sua criação dando direção ao homem para que seus desígnios sejam realizados. Nesse contexto, talvez nos venha à mente com mais facilidade quando falamos sobre teofania, a aparição do Anjo do Senhor quando Deus assinala sua presença (ou como um homem como aconteceu com Jacó em Gn 32.23-33). Por diversas vezes essa manifestação ocorre no Antigo Testamento como em Gn 16.7-14,Nm 22.22, Jz 2.1, Is 63.9, Zc 1.7-12, Ml 3.1 entre outras passagens. Nessas ocasiões o Anjo do Senhor é identificado com Deus. Os comentários da Bíblia de Estudo de Genebra dizem que “alguns estudiosos concluem que, num certo sentido, o Anjo do Senhor é uma manifestação na qual ele age como seu próprio mensageiro; é tido com frequência como um aparecimento pré-encarnado do Filho de Deus”. Levando em consideração essa ultima característica, Jefté Alves de Assis[1] diz que

...existe na pessoa do anjo tanto uma individualidade como uma identificação com Deus. Suas atividades como provedor, protetor e redentor para com seu povo é uma clara atividade divina. Todos esses fatores nos levam a creditar esse papel a Cristo a segunda pessoa da Divindade. O Novo Testamento não tem dificuldade em creditar a Cristo a figura de um Anjo (Ap 20.1)

            Temos então que as teofanias nas quais o Senhor se revela de modo especial no Antigo Testamento são acima de tudo cristológicas e revelavam seu Filho àqueles a quem Ele queria.
         As profecias messiânicas são o ponto culminante do evangelho no Antigo Testamento onde vemos desde o início, lá no Éden, desde a queda do homem toda a história da humanidade apontando para o nosso Redentor. Desde o momento que o Senhor sacrificou o animal e cobriu Adão e Eva com sua pele ele nos mostrava que apenas Ele era capaz de cobrir nossos pecados e que viria um novo Adão, um último Adão e que Através dele e por sua obediência muitos injustos serão feitos justos (Rm 5.12-21). Esse evangelho é retratado de diversas formas e instrumentos no Antigo Testamento e culmina com as profecias que em momentos diferentes são reveladas às pessoas daquele tempo e comprovadas no Novo Testamento até os dias de hoje.
            Tanto a vinda de Cristo, como sua obra, seu sofrimento vicário e seu reino foram profetizados muito antes de sua encarnação. Seria possível fazermos uma tabela com todas as profecias e seus cumprimentos respectivos no Novo Testamento dada a precisão de informações que o Senhor dava a seus profetas naqueles tempos e que estão relatadas tanto em livros chamados “proféticos” do Antigo testamento como em livros de outras categorias como os livros históricos, de sabedoria ou da Lei. Essa foi uma forma muito utilizada por Deus para a sua revelação em caráter especial. Eis alguns exemplos de profecias messiânicas do Antigo Testamento e seu respectivo cumprimento no Novo Testamento[2]:

Descendente de mulher - Gn 3.15 - Gl 4.4
Descendente de Abraão - Gn 17.7; 22.18 - Gl 3.16
Descendente de Davi - Sl 132.11; Jr 23.5 - At 13.23; Rm 1.3
Nascido de uma virgem - Is 7.14 - Mt 1.18; Lc 2.7
Nascido em Belém - Mq 5.2 - Mt 2.1; Lc 2.4-6
Um profeta como Moisés - Dt 18.15-18 - At 3.20-22
Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque - Sl 110.4 - Hb 5.5,6
Pobre - Is 53.2 - Mc 6.3; Lc 9.58
Paciência e silêncio sob os sofrimentos - Is 53.7 - Mt 26.63; 27 12-14
Crucificado - Sl 22.16 - Jo 19.18; 20.25
Esquecido por Deus  - Sl 22.1 – Mt 27.46
Seus ossos não foram quebrados - Ex 12.46; Sl 34.20 - Jo 19.33,36

           Todas essas profecias foram cumpridas em Cristo provando que o plano de salvação proposto e dirigido por Deus se completou na cruz, na morte do Cordeiro Santo e que esse plano se cumpriu integralmente sem interferência humana.

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