sábado, 4 de setembro de 2010

Considerações em Romanos 1

Hoje, enquanto lia o capítulo 1º da carta de Paulo aos Romanos me lembrei desse blog que eu inventei de fazer. O que tem uma coisa com a outra? Sei lá... nada...?! Mas vou postar minhas observações aqui. Pode ajudar alguém a compreender a carta melhor.

Obs.: nessa primeira oportunidade iremos apenas até o v. 17.

Let’s go!

Bem, o que primeiro precisamos estabelecer são alguns detalhes que permeiam a carta: autoria, data, local e destinatário.

A autoria: ditada pelo apóstolo e escrita por Tércio. Essa prática era bem comum porque facilitava a continuidade na linha de raciocínio. Ao que tudo indica Tércio era um cristão.
Data e local: Tudo indica que a carta foi escrita entre 55 e 57 A.D. de Corinto antes da volta do apóstolo para Jerusalém levando as ofertas das igrejas gentílicas (At 15.25-28; 24.17). Foi levada por Febe (16.1,2), uma irmã da igreja em Corinto (Cencréia era o porto de Corinto no golfo Sarônico, aquele que fica do lado direito do istmo onde fica a cidade), até Roma, uma vez que não existia serviço postal à disposição do povo. Esse era um serviço à disposição apenas do Império.
Destinatário: a carta foi escrita para os irmãos da igreja em Roma, capital do império. Segundo as informações da própria carta o apóstolo ainda não havia visitado aquela cidade. A partir disso podemos concluir que a igreja de Roma não foi fundada por Paulo (tampouco por Pedro) e não há motivos para pensar que houve alguma influência apostólica em sua fundação. Segundo as afirmações de Paulo podemos pensar que a igreja de Roma já estava bem estabelecida. A suposição mais plausível quanto à sua fundação é a de que visitantes de Roma provavelmente estavam presentes em Jerusalém no dia de pentecostes (At 2.10,11), ouviram a pregação de Pedro e talvez tenham sido os primeiros a levar o evangelho para Roma. Mas são apenas suposições. Fato é que a igreja em Roma era composta tanto por Judeus quanto por gentios e que por motivos quaisquer algumas congregações eram apenas de gentios outras de judeus outras mistas, enfim, o que precisamos entender é que existia a igreja fundada e estabelecida em Roma.
O tema central desse primeiro capítulo é a pecaminosidade dos gentios (no cap. 2 fala do pecado dos judeus e no 3 do pecado da humanidade). Do v.1 ao 7 Paulo inicia a carta com uma longa saudação dando suas credenciais aos irmãos de Roma. Um pequeno detalhe é que antes de se apresentar como Apóstolo ele se denomina servo – grego: doulos; escravo, acorrentado. É a condição mais importante de sua vida. Antes de qualquer título sua primeira condição é de “escravo de Jesus”.

Do verso 2 ao 5, ainda dentro de sua saudação ele acaba citando todos os aspectos mais importantes do ministério de nosso Senhor Jesus. Veja:
a) v.2 – a promessa do salvador

b) v.3 – a encarnação de Cristo

c) v.4 – sua morte, ressurreição, divindade eterna e poder

d) v.5 – graça e apostolado concedidos a nós igreja pelo derramamento do Espírito

e) v.5 – a essência da Grande Comissão para se pregar o evangelho a todo o mundo.

O v. 7 nos diz até onde o Evangelho já tinha alcançado quando Paulo escreveu a carta.

Do v. 8 ao 10, Paulo dá testemunho de seu ministério espiritual e chama Deus como testemunha disso. Que ora incessantemente pelos irmãos dessa igreja. Paulo fala em servir em espírito porque é de onde brota o nosso serviço espiritual – não da carne nem da alma mas sim do espírito.

Do 11 ao 13 o apóstolo fala de seu desejo grande em visitar os irmãos daquela igreja pessoalmente. É interessante isso pois é muito provável que a reputação de Paulo o tenha precedido e que aqueles irmãos também desejassem muito vê-lo. Hoje podemos falar por telefone, carta, e-mail, Messenger... mas nada se compara à presença do servo do Senhor em comunhão pessoal com a igreja. Esse era o cumprimento da Grande Comissão na vida de Paulo.

A atitude dinâmica do apóstolo quanto ao evangelho é descrita em três fases do v. 14 ao 16:

a) sou devedor

b) estou pronto

c) não me envergonho

O que podemos tirar desse esquema? Que Paulo se empenhava em cumprir o Ide do Senhor de todos os meios e modos, aos trancos e barrancos se fosse necessário. Ele reconhece que “deve isso a Deus”, que foi preparado e enviado porque “estava pronto”. Paulo não tinha medo de ser cobrado pelo Senhor pela sua omissão. Estava pronto, preparado e não se envergonhava de levar a Palavra de Deus aos perdidos (poderia repetir essas palavras sobre você mesmo?).

Os v. 16 e 17 introduzem o tema central da carta uma vez que nos apresenta os mais importantes aspectos da salvação: FÉ, VIDA e JUSTIFICAÇÃO:
16,17: Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego, visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.

O Dr. Norman Harrison em seu livro sobre romanos faz uma análise muito interessante sobre esses dois versos e neles aponta as sete características principais do evangelho:


1. seu poder - Deus

2. seu objetivo - Salvação

3. sua acessibilidade - a todo o que crê

4. sua universalidade - primeiro ao judeu e depois ao grego

5. seu caráter - em que se revela

6. seu conteúdo - a justiça de Deus

7. sua forma de operar - de fé em fé.


Mas primeiro pro judeu? Por que isso se na mesma carta (2.11) ele diz que Deus não faz acepção de pessoa? A resposta é que essa é uma das principais preocupações de Paulo nessa carta. Seu ponto de vista cristão sobre judeus e gentios. Desfaça essa dúvida de sua mente. A promessa do messias, de redenção e salvação foi feita primeiramente aos judeus (Jo 4.22; Mc 7.24-30; Rm 2.9,10); seguindo esse caminho o trabalho missionário de Paulo, por onde quer que fosse, levava essa diretiz. Não é de se espantar que SEMPRE entrava primeiro na sinagoga (com o cumprimento da promessa messiânica em Jesus) e depois disso passava a pregar aos de fora.

continua... depois...